#25N e a Capuchinha Visionária

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Estou no equador da minha fase pré-menstrual e submersa no espectacular fluir das energias da Capuchinha Feiticeira (a minha mulher pré-menstrual). Éla é espectacular porque movimenta em mim uma avalanche de ideias e de forças energéticas durante esta fase do Ciclo Menstrual.

É verdade, que as energias nesta fase do ciclo estão cromatizadas pelo mesmo dinamismo que as energias da Capuchinha Indomável (fase pré-ovulatória) mas nesta fase estão direccionadas para o interior. E é aqui que reside a grande diferença entre estas duas Capuchinhas (entre estas duas fases), na fase pré-menstrual é como que o “fogo” impregna-se os meus dias, e me atribui-se a faculdade quer de criar quer de destruir.

A Capuchinha Feiticeira é crítica, intolerante, enciumada, colérica mas também é criativa, intuitiva,… e eu sou esta estranha combinação que combina criação e destruição. Durante a fase pré-menstrual compreendo o vínculo que opera entra estas duas forças pois a C. Feiticeira permite-me utilizar esta energia para limpar e abandonar tudo aquilo que já cumpriu a sua função e que já não preciso na minha vida. É esta estranha combinação que me permite “separar o trigo do joio”.

A energia da C. Feiticeira é a energia da criação, é uma energia explosiva que por vezes utilizo (utilizamos) de forma incontrolada em prol do nosso entorno, em prol dos outrxs; na verdade esta força da nossa mulher pré-menstrual precisa de ser libertada acima de qualquer outra coisa e através de qualquer meio, através do exercício físico, da sexualidade, da criatividade artística ou de qualquer outra forma de exteriorização. Se esta energia não é exteriorizada enquista-se e adoece o nosso corpomente.

A minha ciclicidade (a nossa ciclicidade) tem como ponto de partida as 4 Capuchinhas (mulheres) que nos habitam é por isso que eu costumo dizer que não somos uma e sim 4 mulheres como mínimo. Acrescento o como mínimo porque cada uma destas 4 mulheres que nos habitam se pode desdobrar em muitas outras dentro da nossa ciclicidade de vida e na ciclicidade das nossas fases hormonais/lunares.

Cada uma de nós tem de descobrir a forma como cada uma das suas 4 Capuchinhas atravessa as suas respectivas fases hormonais/lunares. Na fase pré-menstrual a mulher feiticeira que sou atravessa diferentes formas possíveis entre o meu mundo cíclico que fervilha de criatividade e os diversos dons intuitivos que habitam em mim nesta fase. Por isso a Capuchinha Feiticeira “não é uma mulher de mil caras mas sim mil mulheres com um mesmo rosto” como diz a Rous Baltrons. No passar dos dias desta fase os meus dons intuitivos vão-se abrindo como que oferecendo corpo e espaço a essas novas mulheres que se desdobram da C. Feiticeira que sou, tornando-me assim numa mulher mais consciente de toda a potencialidade do meu corpomente.

A auto-observação do ser cíclico que sou me ajudou a descobrir que durante a fase pré-menstrual a Capuchinha Feiticeira abre espaço a Capuchinha Visionária, esta é Capuchinha que habita em mim quando presto atenção a minha visão. Ela é uma mulher (ou seja eu sou uma mulher) que descobre a essência das coisas pois o seu conhecimento ultrapassa os limites do intelecto. É na companhia da C. Visionária que atravesso este 25 de Novembro (dia para visibilizar a luta contra as violências contra as mulheres) e agradeço que assim seja pois ela brinda-me com a sua visão extremamente desenvolvida. O que me permite captar, observar e escutar num estado de profunda calma. Os meus sentidos estão despertos e atravessam os limites do meu corpomente. O meu campo de visão permite-me sobrevoar por cima das preocupações do mundo mas não para me afastar delas ou esquece-las mas para vê-las com clareza e máxima empatia procurando soluções.

A C. Visionária mostra-me que todas nós podemos mudar de rumo, ela ajuda-nos a ampliar a nossa visão da vida, das possibilidades… a muitas de nós neste mundo de homens (neste mundo patriarcal) nos foi imposto um caminho estreito, limitado e repetitivo traçado pelas diferenças de género e afastando-nos da nossa liberdade e da nossa capacidade de sonhar. Capacidade extremamente necessária pois sempre que sonhamos o “mundo pula e avança” como diz a canção.

Muitas vezes perdemos a liberdade e a nossa capacidade de sonhar em nome do “amor”… um amor que em nada é livre e que não sabe sonhar, uma “amor” violento e que corta as nossas assas. A violência contra as mulheres tem muitas formas e muitas destas formas se expressam no âmbito doméstico e das relações amorosas.

Hoje a visão da minha C. Visionária recai sobre a violência contra as mulheres que é cometida em nome do amor. Para acabar com este tipo de violência contra a mulher é necessária uma mudança social e cultural, económica e sentimental. O amor não pode estar edificado na propriedade privada e a violência não pode ser uma ferramenta para resolver problemas. As leis contra a violência machista são importantes, mas têm de ir acompanhadas da mudança das nossas estruturas emocionais e sentimentais. Para que isto seja possível, temos de mudar a nossa cultura e promover outros modelos amoroso que não se edifiquem em possessividade, guerra e lutas de poder para dominar ou submeter. “Outras formas de amar-se são possíveis”, sussurra a Visionária ao meu ouvido.

Por isso este 25 de Novembro saiam em busca da vossa C. Visionária, ou seja, da vossa visão de águia e abandonem por momentos os velhos pontos de referência e os mecanismos que vos impedem de ser donas da vossa liberdade e que dificultam recuperar a vossa capacidade de sonhar. Recebam a C. Visionária e usem a sua visão de águia para ver as armadilhas desse falso amor. A Visionária desafia-nos a libertar-nos desse amor que não respeita o espaço de cada um, que não respeita as necessidades individuais, que não respeita as expectativas, os limites, os desejos e que se alimenta dos medos e das debilidades que não aceitam as diferenças.

Com a ajuda da Visionária podemos rever as nossas velhas referências sobre o amor e sobre os relacionamentos. Vamos usar a nossa energia pré-menstrual para transformar estas velhas referências que estreitam e limitam o nosso caminho. Vamos encontrar o amor dentro de nós mesmas e por nós mesmas. Vamos deixar de confiar o nosso corpo, a nossa segurança e os nosso sonhos a esse amor… a esse príncipe azul.  

Não é um desafio fácil pois temos que percorrer os nossos medos e dar espaço as nossas necessidades que sempre foram silenciadas. Mas de certeza que vale a pena olhar nos olhos dos nossos fantasmas. Vale a pena visitar o submundo restabelecendo a comunicação com nós mesmas evitando incompreensões, mal-entendidos e os desvios que com frequência armadilham as relações amorosas.

Para nos ajudar a desconstruir o romantismo patriarcal e criarmos uma ética amatória que nos permita construir amor do bom, edificado no respeito, na liberdade e no carinho partilho convosco a Sebenta do Mito do amor Romântico.



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1 comentário:

  1. Parabéns! Muito bom! Obrigada pela excelente partilha, por este blog!
    A "complexidade" humana que quando partilhada se vê e sente ser transversal.
    Muito bom Confraria Vermelha, parabéns Aida!
    Obrigada pela sebenta, download feito!
    Beijinho

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