Estou no equador da minha fase pré-menstrual e
submersa no espectacular fluir das energias da Capuchinha Feiticeira (a minha
mulher pré-menstrual). Éla é espectacular porque movimenta em mim uma avalanche de ideias
e de forças energéticas durante esta fase do Ciclo Menstrual.
É verdade, que as energias nesta fase do ciclo estão
cromatizadas pelo mesmo dinamismo que as energias da Capuchinha Indomável (fase
pré-ovulatória) mas nesta fase estão direccionadas para o interior. E é aqui
que reside a grande diferença entre estas duas Capuchinhas (entre estas duas
fases), na fase pré-menstrual é como
que o “fogo” impregna-se os meus dias, e me atribui-se a faculdade quer de
criar quer de destruir.
A Capuchinha Feiticeira é crítica, intolerante, enciumada,
colérica mas também é criativa, intuitiva,… e eu sou esta estranha
combinação que combina criação e destruição.
Durante a fase pré-menstrual compreendo o vínculo que opera entra estas duas
forças pois a C. Feiticeira permite-me utilizar esta energia para limpar e
abandonar tudo aquilo que já cumpriu a sua função e que já não preciso na minha
vida. É esta estranha combinação que me permite “separar o trigo do joio”.
A energia da C. Feiticeira é a energia da criação, é
uma energia explosiva que por vezes utilizo (utilizamos) de forma incontrolada
em prol do nosso entorno, em prol dos outrxs; na verdade esta força da nossa
mulher pré-menstrual precisa de ser libertada acima de qualquer outra coisa e
através de qualquer meio, através do exercício físico, da sexualidade, da
criatividade artística ou de qualquer outra forma de exteriorização. Se esta energia
não é exteriorizada enquista-se e adoece o nosso corpomente.
A minha ciclicidade (a nossa ciclicidade) tem como
ponto de partida as 4 Capuchinhas (mulheres) que nos habitam é por isso que eu
costumo dizer que não somos uma e sim 4 mulheres como mínimo. Acrescento o como
mínimo porque cada uma destas 4 mulheres que nos habitam se pode
desdobrar em muitas outras dentro da nossa ciclicidade de vida e na ciclicidade
das nossas fases hormonais/lunares.
Cada uma de nós tem de descobrir a forma como cada
uma das suas 4 Capuchinhas atravessa as suas respectivas fases
hormonais/lunares. Na fase pré-menstrual a mulher feiticeira que sou atravessa
diferentes formas possíveis entre o meu mundo cíclico que fervilha de
criatividade e os diversos dons intuitivos que habitam em mim nesta fase. Por
isso a Capuchinha Feiticeira “não é uma mulher de mil caras mas sim mil
mulheres com um mesmo rosto” como diz a Rous Baltrons. No passar dos dias desta
fase os meus dons intuitivos vão-se abrindo como que oferecendo corpo e espaço
a essas novas mulheres que se desdobram da C. Feiticeira que sou, tornando-me
assim numa mulher mais consciente de toda a potencialidade do meu corpomente.
A auto-observação do ser cíclico que sou me ajudou a
descobrir que durante a fase pré-menstrual a Capuchinha Feiticeira abre espaço
a Capuchinha
Visionária, esta é Capuchinha que habita em mim quando presto
atenção a minha visão. Ela é uma mulher (ou seja eu sou uma mulher) que
descobre a essência das coisas pois o seu conhecimento ultrapassa os limites do
intelecto. É na companhia da C. Visionária que atravesso este 25 de Novembro
(dia para visibilizar a luta contra as violências contra as mulheres) e agradeço
que assim seja pois ela brinda-me com a sua visão extremamente desenvolvida. O que
me permite captar, observar e escutar num estado de profunda calma. Os meus
sentidos estão despertos e atravessam os limites do meu corpomente. O meu campo de visão permite-me sobrevoar por cima das
preocupações do mundo mas não para me afastar delas ou esquece-las mas para
vê-las com clareza e máxima empatia procurando soluções.
A C. Visionária mostra-me que todas nós podemos
mudar de rumo, ela ajuda-nos a ampliar a nossa visão da vida, das
possibilidades… a muitas de nós neste mundo de homens (neste mundo patriarcal) nos
foi imposto um caminho estreito, limitado e repetitivo traçado pelas diferenças
de género e afastando-nos da nossa liberdade e da nossa capacidade de sonhar. Capacidade extremamente necessária pois sempre
que sonhamos o “mundo pula e avança” como diz a canção.
Muitas vezes perdemos a liberdade e a nossa
capacidade de sonhar em nome do “amor”… um amor que em nada é livre e que não
sabe sonhar, uma “amor” violento e que corta as nossas assas. A violência contra
as mulheres tem muitas formas e muitas destas formas se expressam no âmbito doméstico
e das relações amorosas.
Hoje a visão da minha C. Visionária recai sobre a
violência contra as mulheres que é cometida em nome do amor. Para acabar com este
tipo de violência contra a mulher é necessária uma mudança social e cultural, económica
e sentimental. O amor não pode estar edificado na propriedade privada e a violência
não pode ser uma ferramenta para resolver problemas. As leis contra a violência
machista são importantes, mas têm de ir acompanhadas da mudança das nossas
estruturas emocionais e sentimentais. Para que isto seja possível, temos de
mudar a nossa cultura e promover outros modelos amoroso que não se edifiquem em
possessividade, guerra e lutas de poder para dominar ou submeter. “Outras formas
de amar-se são possíveis”, sussurra a Visionária ao meu ouvido.
Por isso este 25 de Novembro saiam em busca da vossa
C. Visionária, ou seja, da vossa visão de águia e abandonem por momentos os
velhos pontos de referência e os mecanismos que vos impedem de ser donas da
vossa liberdade e que dificultam recuperar a vossa capacidade de sonhar.
Recebam a C. Visionária e usem a sua visão de águia para ver as armadilhas
desse falso amor. A Visionária desafia-nos a libertar-nos desse amor que não
respeita o espaço de cada um, que não respeita as necessidades individuais, que
não respeita as expectativas, os limites, os desejos e que se alimenta dos
medos e das debilidades que não aceitam as diferenças.
Com a ajuda da Visionária podemos rever as nossas
velhas referências sobre o amor e sobre os relacionamentos. Vamos usar a nossa
energia pré-menstrual para transformar estas velhas referências que estreitam e
limitam o nosso caminho. Vamos encontrar o amor dentro de nós mesmas e por nós
mesmas. Vamos deixar de confiar o nosso corpo, a nossa segurança e os nosso
sonhos a esse amor… a esse príncipe azul.
Não é um desafio fácil pois temos que percorrer os
nossos medos e dar espaço as nossas necessidades que sempre foram silenciadas. Mas
de certeza que vale a pena olhar nos olhos dos nossos fantasmas. Vale a pena
visitar o submundo restabelecendo a comunicação com nós mesmas evitando
incompreensões, mal-entendidos e os desvios que com frequência armadilham as
relações amorosas.
Para nos ajudar a desconstruir o romantismo patriarcal
e criarmos uma ética amatória que nos permita construir amor do bom, edificado
no respeito, na liberdade e no carinho partilho convosco a Sebenta do Mito do
amor Romântico.
PIC | goo.gl/LJfErz
Parabéns! Muito bom! Obrigada pela excelente partilha, por este blog!
ResponderEliminarA "complexidade" humana que quando partilhada se vê e sente ser transversal.
Muito bom Confraria Vermelha, parabéns Aida!
Obrigada pela sebenta, download feito!
Beijinho