25 de.... Janeiro

Tenho um problema grave com as datas…. esqueço-me delas…  e algumas parecem-me cínicas... sim, disse cínicas!!! Deixem-me explicar isto melhor, para não ser mal-interpretada:

-Eu acho que datas como o 8 de Março, 25 de Novembro são datas “cínicas” que pretendem enganar-nos fazendo-nos acreditar que a sociedade/estado se preocupada connosco, balelas é o que são.
Se o estado estivesse realmente preocupado demonstrava-o, não criando efemérides no calendário mas com actos concretos, ou seja, com leis de protecção real, com julgamentos justos e rápidos, com campanhas efectivas, com igualdade laboral etc, etc, etc.

Aliás outra coisa que me leva acreditar que não estão preocupados connosco é que nestas datas muitos colectivos de mulheres (estes sim verdadeiramente preocupados e implicados com as problemáticas que estes dias reivindicam) organizam iniciativas, iniciativas estas que são praticamente ignoradas, quase sempre tidas como actos simbólicos. Não digo que os colectivos não deveriam fazer estas iniciativas pelo contrário, devem faze-lo nesses dias e ao logo dos outros 364 o que digo é que o senhor estado nos tente enganar “oferecendo-nos” dois dias no calendário e que acham que com isso estão a lutar pelos direitos da mulher…  O que Não é verdade! 

Por isso nasce hoje 25 de Janeiros a rubrica “ 25 de…” vou dedicar tos os dias 25 de cada mês, e outros sempre que os meus ovários gritarem para o fazer, para escrever um post sobre violência machista, violência contra as mulheres e faço-o simplesmente porque aquilo que não é nomeado não existe e eu não gosto de brincar ao faz de conta com estas coisas, e tu?
___________________________________________________________________________



Tolerância Zero 
à Mutilação Genital Feminina 



“Aqui no meu corpo, estão os rios sagrados: aqui estão o sol e a lua, assim como todos os lugares de peregrinação… Não encontrei outro templo mais prazeroso que o meu próprio corpo* 

lembrei-me desta frase e a minha mente vieram todas as meninas e mulheres submetidas em várias partes do mundo a mutilação genital que consiste na amputação do clitóris de modo a que a mulher não possa sentir prazer durante o acto sexual… as razões para cometer esta atrocidade pouco importam pois nenhuma delas justifica esta barbárie.


Existe no calendário um dia  Internacional  da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, na verdade teríamos que criar muitos dias de Tolerância Zero contra todas as atrocidades cometidas contra meninas e mulheres por todo mundo. São demasiadas!!!

Pensamos que a mutilação genital feminina acontece em lugares distante de nós como África e Ásia e como é uma realidade que os nossos olhos não assistem no seu quotidiano simplesmente “ ignoramo-la” mas a verdade é que numa aldeia global como o mundo de hoje as distâncias são relativas… por que há pedacinhos de África e Ásia no coração da Europa ou da América.
Sim! A mutilação genital feminina também ocorre no mundo ocidental!
As desculpas para continuares a olhar para outro lado começam a desaparecer, será que queres continuar a fazer de conta ou queres actuar e fazer algo?  Se preferes a segunda opção parabéns, podes clicar em http://www.endfgm.eu para conhecer uma campanha europeia para terminar com esta atrocidade.
A mutilação ocorre em várias partes do mundo, mas tem registo mais frequente no leste, no oeste e no nordeste da África e em comunidades de imigrantes nos EUA e Europa. Em sete países africanos - entre eles Somália, Etiópia e Mali - a prevalência da mutilação é em 85% das mulheres.
Um estudo da ONG Humans Rights Watch de Junho do passado ano (clique para ler a pesquisa, em inglês) mostra que, no Curdistão iraquiano, 40,7% das meninas e mulheres de 11 a 24 anos passaram por mutilação.


mutilação
 Menina de quatro anos é circuncidada em Sulaimaniyah, no Curdistão iraquiano, em Abril de 2009 (Foto: AFP)

Waris Darie
Se esta realidade é ainda desconhecida para ti (ou se gostas de estar próxim@ de todas as mulheres do mundo e de todas as realidades e és d@s que não desvia o olhar) deixo a sugestão de um filme que fala de uma historia real contada na primeira pessoa pela sua verdadeira protagonista, A Flor do deserto.


O livro que deu um filme

É um filme autobiográfico da modelo somali Waris Dirie, hoje a modelo  é uma activista da ONU contra a circuncisão feminina.

No filme ela conta como foi o procedimento para a retirada do clitóris, pequenos lábios e lábios externos da vagina e o fechamento da mesma, deixando apenas um orifício do tamanho de uma cabeça de palito. Todo o procedimento é sem anestesia, sem higienização e muitas mulheres morrem. Em fim um ato de crueldade e de desinformação. Uma crença sem fundamentos, onde mutilam as mulheres e as deixam psicologicamente doentes.

Deixo aqui um excerto do filme um dos mais estremecedores.. mas podem ver o filme completo em http://www.youtube.com/watch?v=BrZEvSrGUpQ&feature=player_embedded


Momento do filme em Waris Dirie faz um depoimento publico contando a sua experiência. Um testemunho importante para a luta contra esta prática que continua a ser praticada.  


Waris Dirie não é a única mulher a falar abertamente sobre a sua experiência Nawal El Saadawi  médica EGÍPCIA também fala da sua experiência chegou a ser presa em seu Egipto natal após falar do tema e fazer campanha contra a prática.A sua história foi contada no livro "A daughter of Isis" ('Filha de Isis'), e em outros em que aborda a questão feminina nos países do Oriente Médio. Confesso que sou fascinada por esta mulher e que ela merece um post dedicado só a ela (vou começar a pensar!) parem um pouco e vejam os vídeos... bebam da sua lucidez.





Deixo-vos aqui a ligação para uma conferencia de Nawal que vale a pena ver.
Parte 1
Parte 2
Parte 3

*Saraha


ATENÇÃO
Gostou das expressões e frases contidas nesta publicação, se for usar, cite a fonte, Obrigada

Coisas que Gosto... Gosto de Coisas

A Primavera passada (no hemisfério norte) chegou com uma surpresa bem linda, a possibilidade de participar no atelier “Sanar la Herida con la Madre” com a minha amada Germana Martin, sabem como a relação com a mãe é importante para nós como mulheres, até já falei disso em dois post (post 1 e post 2), foi uma experiência de crescimento… uma viagem criativa junto a mamá Osa (assim chamo eu a sábia Germana), foi muito bom!


Quem se quer juntar a esta aventura de autoconhecimento e criatividade?
Espreitem AQUI  e conheçam as propostas de Palavra Chamánica.

Livro de trabalho e um caderno especial para esta viagem!!

Grata Primavera 2013 pelo teu sol tímido e algo frio mas brilhante, se memoria não me falha!
Grata Mamá Osa por caminhar junto a mim neste cielito de estrelas y Lunas e por tão maravilhoso presente.
Grata Mamá Isa por tu coraje. 

ATENÇÃO
Gostou das expressões e frases contidas nesta publicação, se for usar, cite a fonte, Grata!
Licença Creative Commons

Pontes Humanas - entrevista a Catarina Duarte dos Fios de Seda

OUTRAS MULHERES

Imaginem uma mulher que se ama a si mesma… uma mulher que acredita que é bom ser mulher… imaginem uma mulher que baila a dança das suas emoções e que permite que estas atravessem graciosamente o seu corpo como um suspiro… Imaginem uma mulher que esta interessada na sua própria vida….uma mulher que aproveita a sua vida como uma alquimista, como um desafio… imaginem uma mulher que esta grata pelos momentos de beleza e graça… imaginem a Catarina Duarte e os seus Fios de Seda.

_________________________________________________________________________________
©JardineriaHumana2013/ Texto Aida Suárez / Foto: Arquivo pessoal da Catarina
_________________________________________________________________________________


«Era uma vez...
 Um sonho... Nesse dia deitei-me para mais uma hora de sesta. Adormeci e sonhei que estava no meio de um mar de bolinhas de sabão... foi tão boa a sensação que quando acordei disse: vou fazer sabão artesanal!»



Quem é Catarina Duarte?
Sou um puzzle em contínua construção. Todos os dias recolho peças que posso conseguir encaixar ou não. Lido com essas conquistas ou esperas de forma muito intensa. Cada passo para mim é especial, cada palavra, cada gesto é o caminho que conscientemente escolho para construir o puzzle da minha vida. Rio muito, choro também, entrego-me de alma e coração a quem gosto e confio, aos outros nem tanto! Tenho uma consciência muito forte da fragilidade da vida e isto faz com que viva com paixão e envolvimento as escolhas que faço e a forma como vivo.
Dedico-me ao eterno questionar do que está instituído… dedico-me ao re-unir e ao re-sentir as formas ancestrais de pensamento, de tradições e de condições. Através do meu caldeirão dedico-me à descoberta dos sentidos, sejam do corpo sejam da alma…

O que significa para ti ser mulher?
Ser mulher é ter todas as escolhas do universo nas nossas mãos! É poder ser a unidade no meio da diversidade… é ter a capacidade de amar, de dar, de partilhar, de curar de uma forma tão altruísta só comparada à da própria natureza! É ser um espelho da lua, da terra, da água e do fogo! É ser mudança, atitude, esperança e criação! É ser intuição… é poder criar sem ter que explicar… é apenas sentir… No entanto sei e sinto que é difícil conciliarmos-nos e encontrarmos-nos com todos estes atributos. A sociedade impõe muitas vezes os conceitos e preconceitos sem que possamos nós mulheres seguirmos a nossa intuição, sem vivermos com amor a nossa condição. Mas sinto que a essência feminina está a renascer…

Shinoda Bolen  afirma: “ As mulheres podem mudar o mundo…” O que opinas desta afirmação.
Só o amor cura, só o amor pode mudar. Não acredito que só as mulheres, sozinhas, possam mudar o mundo, creio na união, na comunhão e penso que é na pluralidade harmónica e na união que se criará as bases para a mudança dos paradigmas que vivíamos até hoje. No entanto, as mulheres possuem uma capacidade tremenda de doar, de partilhar, de amar e criar e isso sim pode mudar o mundo. Vejo que cada vez mais mulheres estão a empoderar-se (no bom sentido) reconhecendo a sua força, beleza e amor. Forças que até hoje vêm sendo encobertas pelas teias do patriarcado. Cada vez mais a força está a vir de dentro e todo o processo de igualdade está a ser recuperado. As mulheres estão a despir-se de preconceitos e estão a ser elas próprias, a sentir o que vem de dentro, a manifestar o seu amor e vontade e assim a sua essência poderá ser vivida, poderá ser partilhada e ensinada. E assim o mundo poderá mudar.
Como diz Louise L. Hay “Os avanços que fizemos vão estabelecer um novo padrão para as mulheres em todo o mundo. Existem muitas possibilidades na vida para além do que pensamos ou vivemos actualmente. Temos oportunidades que nunca julgamos que existissem à disposição das mulheres anteriormente. Está na hora de nos ligarmos umas com as outras e criarmos uma vida melhor para todas. Isto vai por sua vez melhorar a vida dos homens. Quando as mulheres estão realizadas ou satisfeitas vão, por sua vez, ser companheiras, colegas de trabalho e pessoas maravilhosas com quem viver. E os homens vão sentir-se infinitamente mais à vontade como iguais!”

Aonde te leva esta frase “Círculo de Mulheres”?
Leva-me às profundezas da minha essência, à comunhão mais profunda de mim própria, a ver-me no espelho das outras mulheres. Leva-me a sorrir para outra irmã quando ela precisa de um sorriso, leva-me a chorar e abraçar quando sinto a dor no seu coração. Leva-me a amar a outra mulher como se de mim própria se tratasse. Leva-me a entender que somos todas uma… que a nossa essência está toda ligada e que só resgatando esse amor, ajuda e partilha nos mudamos, nos curamos, nos resgatamos e SOMOS. O mundo la fora adormece e apenas somos nós, resgatando as mais íntimas e profundas memórias do colectivo feminino. Partilhamos com amor e ouvimos com compaixão! Honramos todas as mulheres do universo, a natureza, o cosmos… Deixamos de ser nós… passamos a ser todas!

Como expressas a tua criatividade?
Até há algum tempo a minha criatividade expressava-se apenas na minha mente! Sim… tinha bastante dificuldade em reproduzir para o mundo físico e para os outros fossem ideias, ideais desenhos, objectos… Tudo se passava no meu mundo interno onde só eu e as minhas múltiplas mulheres nos compreendíamos ou também nos desentendíamos.  O meu caminho tem sido feito de imensas portas de aprendizagem, de desafios e de questionamentos e assim aos poucos vou libertando o meu mundo interior. Assim, ainda que apenas aos poucos vá conseguindo mostrar aos outros quem realmente sou vou dançando, tocando guitarra, órgão, cantando, meditando, escolhendo e aplicando os meus cristais, desenhando e agora fazendo os meus próprios produtos de higiene e beleza, de forma artesanal.

O que te dizem estas duas palavras: MULHER E Handmade
Estas duas palavras remetem-me para aquela imagem da mulher feiticeira/a bruxa à volta do seu caldeirão.  A feitiçaria era um aspecto natural nas mulheres. Em todas as aldeias havia uma mulher feiticeira que através dos seus conhecimentos da natureza passados através das gerações femininas curavam os doentes e aconselhavam os que procuravam soluções para os seus problemas. A mulher era a sábia, a artesã, a que conhecia todos os desígnios da natureza e do universo.
Crio em tudo o que toco. As minhas mãos são a minha varinha mágica, a minha colher de pau para cozinhar a minha realidade. Com elas posso materializar a minha alma, o meu desejo, o meu coração… tudo. São os ramos da árvore que sou expressando a força dos ventos que sopram… ora mais fortes, ora mais fracos, ora mais suaves ora em tormenta.

Sempre cresci acreditando que não tinha jeito para nada que tivesse que usar as mãos. Pois nos últimos tempos pus de lado aquilo que sempre vi e decidi eu, de dentro, resgatar o meu poder de criação. Quem não sente a diferença de um bolinho feito pela mãe ou companheira ou avó ou amiga? Quem não gosta de um miminho suave e de um entrelaçar de dedos da mulher da nossa vida? Ou quando a mãe coloca às mãos no dói-dói do filho e a dor passa? A diferença é que quando uma mulher fala com as mãos fala com amor!

Completa com o primeiro que surja na tua mente a seguinte lista de palavras:

Útero: Cálice da vida
Menstruação: vida
Maternidade: ninho
Homem: Força, realização
Mulher: Poder, natureza
Mãe e Filha: elo de amor inexplicável, inesgotável
Menopausa: contemplação
Dons Femininos: magia, criação, amor

Queres juntar mais alguma palavra a lista?
Descoberta, prazer, selvagem, sensualidade, sexualidade, inteira, união.

Fala-nos do teu trabalho como fabricante de sabonetes artesanais e outros mimos e dos teus últimos projectos
Tudo começou por um sonho… num dia em que me deitei para fazer uma sesta sonhei que estava no meio de bolinhas de sabão. Quando acordei tive a certeza que queria aprender a fazer sabão de forma artesanal. Comecei a ler tudo o que conseguia encontrar sobre o tema, juntei-me a pessoas que já faziam sabão e produtos naturais, fiz workshops e pesquisas infindáveis de tudo o que posso encontrar. É uma sensação única de entusiasmo e bem estar quando estou a pensar nos formulas para um novo sabão. Sinto-me uma criança a receber um presente desejado. É inexplicável. Aos poucos vou criando novos sabões, novos aromas e sensações. Adoro tomar banho e cuidar de mim com um produto que eu própria fiz. Comecei também a questionar se efectivamente precisamos de todos os produtos que os média e a indústria dos cosméticos nos dizem que precisamos. E não, não precisamos, podemos nós fazer as nossas escolhas! E isso é bom! Ouvirmos-nos a nós, escolhermos por nós, conscientemente.
Todo este projecto é mais uma janela para o meu crescimento e materialização da minha criatividade. Nele revejo as minhas expectativas, os meus medos, as minhas ilusões, as minhas decepções, a minha capacidade de inventar e reinventar.

Queres acrescentar mais alguma coisa?
Grata a ti Aida e a todas as pontes que puseste no meu caminho. És incansável em amor, um exemplo e força para todas nós. 

Visita el Blog Fios de Seda
 


ATENÇÃO
Gostou das expressões e frases contidas nesta publicação, se for usar, cite a fonte, Grata!
Licença Creative Commons

Pontes Humanas - entrevista a Sofia Batalha


OUTRAS MULHERES

O lar… esse corpo exterior… esse útero externo… a mulher não faz distinção entre a sua pessoa e o mundo que a rodeia… a tendência feminina é fazer do seu entorno uma extensão de si mesma… a extensão do seu corpo/útero… Ao entra na casa de uma mulher estas a mergulhar numa parte do seu mundo interior… Dentro do ambiente em que vivemos, tendemos a aplicar as nossas energias criativas não apenas na aparência exterior da nossa casa mas também na sua organização, nas rotinas e tradições… por isso limpar a casa, preparar refeições, cuidar a roupa… também podem ser uma forma de expressar as energias criativas feminina… SOFIA BATALHA abra-nos a porta da sua casa-corpo partilhando a sua essência de Mulher e aproximar-nos do seu projecto A Serpente da Lua e falar-nos dessa ligação íntima da entre o nosso lar-corpo e o nosso lar-casa.
___________________________________________________________________________
©JardineriaHumana2012/ Texto Aida Suárez / Fotos Arquivo Pessoal de Sofia Batalha
___________________________________________________________________________


Quem é Sofia Batalha?
Sou uma mulher à procura do que quer dizer ser mulher inteira, plena, completa. Procuro sentir o corpo e a alma como um só, vibrando em uníssono.
Procuro, experimento, partilho e incorporo, recomeçando tudo de novo.

O que significa para ti ser mulher? 
Neste momento significa um portal de sensações e ciclos que me fazem crescer e ligar-me cada vez mais a mim e a outras mulheres.

Shinoda Bolen  afirma: “ As mulheres podem mudar o mundo…”
O que opinas desta afirmação.
Se as mulheres aceitarem inteiramente ser mulheres, reconhecem o seu poder imenso. Um poder interno, profundo, com raízes no coração da terra. Se as mulheres viverem esse poder cíclico e de partilha, unindo-se inteiramente a outras mulheres e à terra transformam tudo na sua passagem.

Aonde te leva esta frase “Círculo de Mulheres”?
Transporta-me a uma vibração primordial, arcaica, do início dos tempos. Onde  a profunda partilha simbólica lança as bases para tudo o resto. Onde se sonha em conjunto, se vive em pleno e se partilha integralmente.

Como expressas a tua criatividade?
Permito-me ter tempo para desenhar, escrever um pouco e pintar.

O que te dizem estas duas palavras: MULHER E FENG SHUI
Para mim o Feng Shui foi criado por ancestrais mulheres xamãs chinesas. A China sendo hoje muito patriarcal foi, antes de Confúcio, uma sociedade matriarcal. As mulheres xamã detinham o poder da divinação do tempo e do espaço. Para mim Feng Shui é indissociado do poder primitivo feminino.

Completa com o primeiro que surja na tua mente a seguinte lista de palavras:
Útero: cofre
Menstruação: libertação
Maternidade: completa
Homem: conexão
Mulher: in-corporal
Mãe e filha: fluxo
Menopausa: transmutação
Dons Femininos: nós!

Queres juntar mais alguma palavra a lista?
Corpo

Fala-nos da Serpente da Lua
A Serpente da Lua é um projecto pessoal que tomou corpo e se materializou após o nascimento da minha filha. Estudava Feng Shui há 8 anos, mas sempre achei que havia mais, mais conexão, mais corpo. Através da S.L. foi dado à luz o Feng Shui Feminino, que é uma plena tomada de consciência das nossas crenças e símbolos, e de como povoam, decoram e convivem na casa e no nosso corpo.
O Feng Shui Feminino liga os ancestrais ciclos femininos com a vivência diária da casa e os ciclos lunares utilizando a força instintiva do ciclo menstrual de cada mulher para otimizar a sua relação com a casa e a vida.

Queres acrescentar mais alguma coisa? 
Grata pela ponte que és Aída*



Serpente da Lua

Reflexões Vermelhas - Ciclo da Lua Branca e Ciclo da Lua Vermelha


Escrever-vos este post seguindo o impulso do meu útero-coração, nos Círculos de Mulheres e nos ateliers da Confraria, surgiu muitas a  questão de saber qual as diferenças entre menstruar na Lua Nova ou Lua Cheia, por isso achei que seria interessante partilhar um texto extraído do livro "O Anuário da Grande Mãe – Guia Prático de Rituais para Celebrar a Deusa", de Mirella Faur.

Para juntas reflectirmos.

Em que lua menstruas? Faz parte das mulheres do ciclo da LUA BRANCA ou das mulheres de ciclo da LUA VERMELHA?

«Na Antiguidade, o ciclo menstrual da mulher seguia as fases lunar com tanta precisão que a gestação era contada por luas. Com o passar dos tempos, a mulher foi se distanciando dessa sintonia e perdendo assim o contacto com o seu próprio ritmo e seu corpo, fato que teve como consequência vários desequilíbrios hormonais, emocionais e psíquicos. Para restabelecer essa sincronicidade natural, tão necessária e salutar, a mulher deve se reconectar à Lua, observando a relação entre as fases lunares e seu ciclo menstrual. Compreendendo o ciclo da Lua e a relação com seu ritmo biológico, a mulher contemporânea poderá cooperar com o seu corpo, fluindo com os ciclos naturais, curando seus desequilíbrios e fortalecendo sua psique.

Para compreender melhor a energia de seu ciclo menstrual, cada mulher deve criar um Diário da Lua Vermelha, anotando no calendário o início de sua menstruação, a fase da lua, suas mudanças de humor, disposição, nível energético, comportamento social e sexual, preferências, sonhos e outras observações que queira.

Para tirar conclusões sobre o padrão de sua Lua Vermelha, faça essas anotações durante pelo menos três meses, preferencialmente por seis. Após esse tempo, compare as anotações mensais e resuma-as, criando, assim, um guia pessoal de seu ciclo menstrual baseado no padrão lunar. Observe a repetição de emoções, sintonias, percepções e sonhos, fato que vai lhe permitir estar mais consciente de suas reacções, podendo evitar, prever ou controlar situações desagradáveis ou desgastantes.

Do ponto de vista mágico, há dois tipos de ciclos menstruais determinados em função da fase lunar em que ocorre a menstruação. Quando a ovulação coincide com a lua cheia e a menstruação com a Lua Negra (acontece nos três dias que antecedem a lua nova, entendido como o quinto dia da lua minguante), a mulher pertence ao Ciclo da Lua Branca. Como o auge da fertilidade ocorre durante a lua cheia, esse tipo de mulher tem melhores condições energéticas para expressar suas energias criativas e nutridoras por meio da procriação.

Quando a ovulação coincide com a lua negra e a menstruação com a lua cheia, a mulher pertence ao Ciclo da Lua Vermelha. Como o auge da fertilidade ocorre durante a fase escura da lua, há um desvio das energias criativas, que são direccionadas ao desenvolvimento interior, em vez do mundo material. Diferente do tipo Lua Branca, que é considerada a boa mãe, a mulher do Ciclo Lua Vermelha é bruxa, maga ou feiticeira, que sabe usar sua energia sexual para fins mágicos e não somente procriativos.

Ambos os ciclos são expressões da energia feminina, nenhum deles sendo melhor ou mais correto que o outro. Ao longo de sua vida, a mulher vai oscilar entre os ciclos Branco e Vermelho, em função de seus objectivos, de suas emoções e ambições ou das circunstâncias ambientais e existenciais.

Além de registrar seus ritmos no Diário da Lua Vermelha, a mulher moderna pode reaprender a vivenciar a sacralidade de seu ciclo menstrual. Para isso, é necessário criar e defender um espaço e um tempo dedicado a si mesma. Sem poder seguir o exemplo das suas ancestrais, que se refugiavam nas Tendas Lunares para um tempo de contemplação e oração, a mulher moderna deve respeitar sua vulnerabilidade e sensibilidade aumentadas durante sua lua. Ela pode diminuir seu ritmo, evitando sobrecargas ao se afastar de pessoas e ambientes carregados, não se expondo ou se desgastando emocionalmente, e procurando encontrar meios naturais para diminuir o desconforto, o cansaço, a tensão ou a agitação.

Com determinação e boa vontade, mesmo no corre-corre quotidiano dos afazeres e obrigações, é possível encontrar seu tempo e espaço sagrados para cuidar da sua mente, de seu corpo e de seu espírito. Meditações, banhos de luz lunar, água lunarizada, contacto com seu ventre, sintonia com a deusa regente de sua lua natal ou com as deusas lunares, viagens xamânicas com batidas de tambor, visualizações dos animais de poder, uso de florais ou elixires de gemas contribuem para o restabelecimento do padrão lunar rompido e perdido ao longo dos milénios de supremacia masculina e racional.



O mundo actual – em que a maior parte das mulheres trabalha – ainda tem uma orientação masculina. Para se afastar dessa influência, a mulher moderna deve perscrutar seu interior e encontrar sua verdadeira natureza, reflectindo-a em sua interacção com o mundo externo.»

365 dias limpos. Como os vão colorir?


Este primeiro dia do ano pintei-o com o filme Don Jon, a preparar um panna cota, e a dar os últimos retoques para receber as bravas mulheres que se inscreveram no Curso de Ginecologia Natural e vocês? 

C í c l i c a a a a a a a a a a a a a a


Somos mulheres, sangrar é a nossa natureza.
A menstruação conecta-nos com a nossa sabedoria ancestral.
Cíclica, Cíclica, Cíclica, Cíclica…   …    …     Cíclica.
A vida e a morte repetem-se mês a mês dentro de s.
O nosso dom é criar.
O nosso dom é transformar-nos.

A palavra “menstruação” vem do latim mens e significa “lua e mês”. A primeira forma de medir o tempo foi pelo ciclo menstrual das mulheres. A sincronia entre o ciclo lunar e o menstrual reflectia o vínculo entre as mulheres, a Lua e as deusas da fertilidade. O poder da mulher vem de seu sangue, e por isso ela não deve desprezá-lo, mas sim considerá-lo sagrado. O sangue menstrual liga a mulher ao poder da Criação.