Um homem lidera é chefe.
Uma mulher lidera é mandona.
Não, não são sinónimos!
Tenho um amigo que me costuma
chamar em jeito de brincadeira de “chefa” e comecei a pensar não no que essa “brincadeira”
esconde nas suas costuras mas no que em mim provoca que os outrxs me vejam
como chefa, como líder. Como me sinto quando lidero? Quando sou a chefa, de
outrxs ou de mim mesma?
Como pequena anotação ele chama-me assim porque nos
conhecemos em contexto de trabalho onde eu “mandava” nele.
As minhas amigas em geral
sentem dificuldade em gerir as emoções que um cargo de chefia lhes pode
provocar ou provoca. Dizem que ter um cargo de chefia lhes provoca uma série de
emoções e medos contraditórios. E vocês como se sentem chefiando?
O outro dia numa conversa com
outro amigo, ele deixou passar a ideia de que como o trabalho que realizo é desde
o amor, desde a convicção em determinados valores, desde a perspectiva
feminista nunca me aportara poder ou seja dinheiro, será mesmo assim? Trabalhar
no que se gosta, criar novos empregos que respeitem as nossas necessidades e
ritmos não nos permitira aceder ao dinheiro? Ou seja a uma posição de equilíbrio
e independência financeira?
Desde pequena que me dizem que
sou mandona e detestava esse adjectivo mas hoje incomoda-me muito menos pois
compreendi que me chamavam mandona porque tinha uma certa predisposição para
liderar grupos, no tempo de escola cheguei a ser delegada de turma. Lembro-me
também de evitar ser líder ou responsável de um grupo para evitar que me
chamassem de mandona. Não me sentia mandona, tentava sempre distribuir tarefas
de forma igualitária, ouvir as aportações de todxs e que todxs se sentissem bem
mas era difícil e emocionalmente desgastante porque fizesses o que fizesses
eras a mandona.
Depois cresci e percebi que querer ser chefa, era querer ser
ambiciosa e isso não combinava com ser mulher. Quem inventou esta
associação?!?!?! Grrrrrrrrrr.
Apesar de todas as mudanças que a nossa sociedade/cultura sofreu as mulheres continuam achar que amor, paixão, convicções, compromisso, cuidados, liderança/chefia, poder, dinheiro não são coisas compatíveis e por isso continuamos a ser nomeadas de forma negativa (executiva agressiva, a dama de ferro etc.) ou oculta quando somos nós as chefas.
Não estou a exagerar, se
estivesse não se faziam campanhas como a “BanBossy”. Nesta campanha aparecem
mulheres com a s quais não me sinto identificada nem comungo em nada (mas
respeito totalmente) mas a mensagem que querem transmitir parece-me importante,
o que importa são as palavras e não o sistema devorador (capitalista e
patriarcal). Vale a pena ver os vídeos da campanha.
Eu não sou mandona, sou a chefa!!!
E tu?
NOTA: enquanto escrevia este texto no word reparei que o dicionário não reconhecia a palavra chefa e me recomendava mudar para chefe. Quando passei o texto para o blog o dicionário do blogspot também não reconhece a palavra chefa e sugere-me altera para chefe. A chefe ou a chefa? dúvidas do português.
NOTA: enquanto escrevia este texto no word reparei que o dicionário não reconhecia a palavra chefa e me recomendava mudar para chefe. Quando passei o texto para o blog o dicionário do blogspot também não reconhece a palavra chefa e sugere-me altera para chefe. A chefe ou a chefa? dúvidas do português.
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