O pêlo e o cabelo…
Eu sou extremamente peluda e cabeluda, e sempre foi ‘desprazeroso’ para mim depilar-me ou cortar o cabelo, por isso vivencie sempre sentimentos de dualidade no que ao pelo/cabelo se refere como por exemplo:
depilar-me ou não?
Também experimentei sentimentos de medo e de desconfiança nas cabeleireiras porque sempre cortam mais do que eu estou preparada para cortar… e isto deixou em mim muitas perguntas:
Para que? Para que servem os pêlos/cabelo?
Será que todos os pêlos do corpo cumprem uma função física e energética?
E o cabelo, qual é a função dele?
Será que há diferença em usar o cabelo curto a usa-lo comprido?
Como mulher a minha energia vê-se influenciada com o comprimento do meu cabelo?
Che, o meu amigo-gato e Mestre Sábio. |
Sim. Sim a todas as preguntas…
Sim, os nossos pêlos/cabelo são uma espécie de antenas, como os bigodes do meu companheiro-gato Che.
O bigode dos gatos funciona como um radar, tendo a função de aprimorar seus sentidos e fornecer orientação espacial. Além disso, o bigode ajuda o felino a orientar-se no escuro, e funciona como um "radar" que estimula o gato a fechar os olhos para proteger-se, por exemplo, de um objecto que venha em direcção do seu rosto. Ainda, é ele que dá ao animal olfacto e tato tão apurados.
O pêlo/cabelo é uma das características que partilhamos com todos os mamíferos.
O metabolismo ajuda-nos a regular a nossa temperatura corporal e a gordura, e o pelo/cabelo evita a perda de calor. Graças a eles permitiu-nos sobreviver a situações climáticas extremas.
Quando comecei a escrever este texto disse que sou extremamente peluda mas vocês também são, somos muito peludas. Je Je Je
Temos uns cinco milhões de pêlos, dos quais entre a 100 a 150 000 cobrem a nossa cabeça. Os restantes estão espalhados pelo corpo e há alguns que quase nem são visíveis. Já na barriga da nossa mãe tínhamos pêlos, eles aparecem por volta do quarto mês de gestação, começa a nascer-nos um bigodito, as sobrancelhas até ficar o corpo todo coberto por um fino e longo pêlo chamado de lanugo. Depois nas últimas semanas este pêlo cai e é absorvido pelo bebé junto com o liquido amniótico.
O nosso pêlo/cabelo é uma extensão do nosso sistema nervoso lunar, autónomo, sensorial, intuitivo, instintivo, magico, criativo e criador. E como mulheres, temos a tendência a perder usando o cabelo curto, mas porque? O que é que perdemos?
Perdemos capacidade de conexão, através dessas antenas em forma de cabelo registamos emotivamente o Universo… emocionamo-nos e suspiramos com aquilo que nos rodeia por isso quando queremos acalmar as emoções ou necessitamos concentrar-nos em algo concreto, temos a tendência a prender o cabelo, inclusive algumas tradições espirituais/iniciáticas/filosóficas rapam o cabelo para bloquear essa algazarra sensorial, como por exemplo no Budismo, que segue o caminho do não apego, do não sentimento mas também temos outras que usam uma longa cabeleira… para manter-se conectados com os sentimentos, que seguem o caminho da compaixão, basta observar Jesus e os seus discípulos/as tudo depende do caminho que se segue para elevar o coração em cada momento.
Ambos caminhos têm cabida e podem coexistir para mim, para nós… vivemos um tempo de união… unir o que a história separou, o que eu quero dizer é que umas vezes sinto-me “budista” e preciso recolher o meu longo cabelo numa trança para não me distrair com tudo o que ele capta, porque necessito concentrar-me, meditar, organizar e outras vezes preciso “cristificar-me” e solta-lo, deixa-lo livre para sentir, para criar… para viver com-paixão , e quanto mais despenteado melhor mas atenção, os cabelos despenteado não são cabelos descuidados são cabelos com liberdade de expressão.
Na raiz do nosso cabelo, esta todo o nosso código individual/genético, por isso para várias tradições é uma péssima ideia que algo sagrado como a nossa identidade não seja cuidado e tratado de forma consciente. Para estas tradições é impensável deitar o cabelo ao lixo por isso ele é guardado para oferenda-lo a Terra, ao Fogo, a Agua ou ao Vento. Por considera-lo sagrado e um veículo de conexão emotiva com o Universo e poder ancestral também encontramos tradições nas quais as mulheres não cortam o cabelo nem nenhum outro pelo corporal (axilas, bigodes, pelo púbico….nenhum!)
O pêlo também nos protege… Os pêlos pubianos, por exemplo, têm a função de proteger o órgão genital, por isso a sua grande concentração é em cima da vulva e ao seu redor.
Os pêlos pubianos servem como um tapete para dificultar que microorganismos nocivos cheguem até a vagina, eles cobrem a parte externa do órgão genital e protegem o delicado osso púbis. Os pêlos pubianos cobrem os grandes lábios que são a camada externa da vagina e ajudam a afastar as bactérias da vagina e funcionam como uma espécie de "almofadinha" durante o sexo, há estudos que mostram que há uma estreita relação entre os pêlos pubianos e a lubrificação vaginal, pois a “"almofadinha" que eles formam é um censor/receptor de energia, de estímulos, que consegue fazer uma triagem da boa energia da má. Mas actualmente a cultura e a moda incentivam as mulheres a depilar-se parcial ou totalmente nesta zona do corpo logo perdem o seu censor.
Há um par de anos atrás, sofri quando perdi a minha longa cabeleira por um descuido por parte de quem me estava a cortar o cabelo e em quem confiei…
Chorei durante vários dias… chorava cada vez que via a minha imagem reflectida num cristal e não via junto dela o meu longo cabelo… chorava cada vez que acariciava a minha cabeça e não sentia o meu longo cabelo enredado nos meus dedos…. Chorava e não compreendia o choro e a sensação de “desnudez” forçada que o acompanhava mas agora descobrindo a historia do cabelo ao longo dos tempos, compreendendo as suas funções físicas e energéticas compreendo cada lágrima e sei que não estava louca… que não estou louca por amar e respeitar o meu longo cabelo e por não sentir necessidade de me desprender dos meus pelos seja em que parte do meu corpo eles estiverem.
A história recente da nossa história, trouxe-nos a “liberação feminina” e com ela muitas coisas, entre elas a diminuição do comprimento do nosso cabelo, mas… Será que isso é mesmo um sinal de empoderamento feminino?
Ao longo da história tivemos episódios menos bonitos nos quais rapar à cabeça a força era usado como castigo e humilhação por exemplo na 2ª Guerra Mundial e outras guerras ou as mulheres adulteras na Idade Média.
Era como limitar essa pessoa, retirar-lhe a sua capacidade sensitiva e retirar-lhe parte do seu código individual/genético presente no seu cabelo, ou seja retirar-lhe parte da sua identidade, do seu Ser. Quer se queira quer não o cabelo fala de nós, por isso muitas vezes sentimos o impulso de modifica-lo (pintar, cortar, novo penteado…) sempre que terminamos e iniciamos uma nova etapa, como se através dele reflectíssemos essas mudanças, essa transformação de interior.
Enfim… devemos recordar que o pêlo/cabelo nos protegeu desde que eramos umas sementinhas a flutuar no liquido amniótico talvez pensar nisto nos ajude a ama-lo mais e a não viver descontentes com ele quando se eriça com a humidade ou se emaranha com o vento e nos confundem com uma louca.
O meu cabelo expressa o que SOU
O que quero SER
As antigas civilizações acreditavam que no cabelo estavam os nossos pensamentos, talvez seja verdade pois é certo que o cabelo é um veiculo de comunicação, de conexão. Também é uma expressão da nossa pele, guarda uma mensagem, tem sensualidade… tem uma função biológica e nós atribuímos-lhes uma função sociológica quando os enfeitamos com adornos. Na sua formação química esta a memória dos nossos estados anímicos e da nossa alimentação. Faz parte de nós…do nosso corpo, são a protecção da nossa pele, são a memória do nosso organismo e a nossa mensagem-social.
abrazO Raíz
Aida
Aida
(…)
Salgo a paseo y sin maquillar
[Salgo a pasear sin maquillar]
Y desde lejos saludo a los barcos
La gente pasa y se queda pillá
Con los pelillos de mi sobaco
Por fortuna y por convicción
[lelele lelele]
Creo en la suerte que me espera
En mi constancia y mi cerrazón
Pa’conseguir lo que yo quiera
(…)
Links interessantes sobre o nosso pelo/cabelo
Achei muito interessante a parte em que referes que quando queremos concentrar-nos temos tendência a prender o cabelo. Eu normalmente faço isso!
ResponderEliminarQuando falaste em Jesus, lembraste-me da história bíblica de Sansão, que perdeu toda a sua força quando Dalila lhe cortou o cabelo. Será que tem a ver com esta simbologia dos cabelos e dos pêlos?
É bem provável... o cabelo sempre representou a força a identidade por isso se rapava o cabelo aos escravos nessa época, por exemplo!
EliminarabraçO Raiz para tu Kitty
Aida (Confraria Vermelha)
Olha, eu tenho dias...
ResponderEliminarJá tive o cabelo bem comprido e bem curto... e volta e meia quando o começo a deixar crescer... tenho sempre uma tendência de querer corta-lo, quase como uma forma de reciclar, ou melhor de mudar a folha... tipo se cortando o cabelo resolveria os "problemas"
A última vez que o cortem, em julho de 2012... fiz-lo em solidariedade ao meu pai, que o rapou devido a quimioteratia... disse-lhe que agora íamos ver os nossos cabelos a crescer juntos...
Agora tou a tentar cumprir a promessa, esperando que do sitio onde ele esteja... me venha fazer uma caricia, nesta cabeleira que vou tentar fazer crescer...
Beijo doce para ti Aida.
Carla
Adorei seu texto Aida, me identifiquei muito!!! Obrigada por compartilhar seu conhecimento.
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