Atelier ONLINE “As 4 Capuchinhas que Sou”

O Ciclo Menstrual não é apenas a menstruação. A menstruação é um das 4 fases do ciclo menstrual. O ciclo menstrual esta dividido em 4 fases que têm as suas próprias e diferentes características, e podemos dividi-las em três níveis:

Físico
Mental
Emocional

O facto de serem 4 fases, permite-nos vivenciar física, mental e emocionalmente o nosso corpo-mente desde várias perspectivas como se habitassem dentro do nosso corpo 4 mulheres distintas... 4 Capuchinhas diferentes. E é verdade! Tu não és apenas uma capuchinha, mas sim várias! No mínimo 4!

O desconhecimento das diferentes fases do ciclo menstrual tem como resultado o sentimento de alienação que muitas mulheres temos vivido durante anos. Sentimo-nos alheias, estranhas dentro do nosso próprio corpo, na nossa própria pele o que se revela através de uma baixa auto-estima, distorcida e vulnerável, assim como em sintomas físicos como o SPM e outros tipos de desconfortos que se manifestam no decorrer do Ciclo e que frequentemente são de natureza psicossomática. Isto, acontece principalmente devido ao desconhecimento do ciclo menstrual e a crença de que as mudanças hormonais não afectam o nosso corpo físico, mental e anímico.

Este atelier visa explora e investigar como muda o nosso corpo ao logo das 4 fases do ciclo menstrual a nível físico, mental e emocional e vendo como estas mudanças vão construindo as 4 Capuchinhas que Somos, ajudando-nos a integra-las. 

O Atelier esta composto por 5 sessões

1ª Sessão | 1 Dez.
Boas-Vindas!
Entrega de material.
2ª Sessão | 8 Dez.
Como muda o meu corpo ao longo do ciclo menstrual – parte I
3ª Sessão | 15 Dez.
Como muda o meu corpo ao longo do ciclo menstrual – parte II
4ª Sessão |22 Dez.
Identificar os dons e desafios das 4 capuchinhas (4 fases do ciclo menstrual) no teu próprio corpo a nível físico, psíquico e emocional.
5ª Sessão | 29 Dez.
Construção da Mandala “As 4 Capuchinhas que Sou”

Queres conhecer as 4 Capuchinhas que és?
Estas com vontade de desfrutares do teu corpo-mente em plenitude?

Tens até dia 01 de Dezembro para te juntares a esta viagem pelo bosque cíclico.

A 1ª Menstruação pode ser um motivo de celebração ou de trauma…


… tudo depende da idade, de se somos das primeiras  ou as últimas a ter a menstruação no grupo de amigas e das circunstâncias em que acontece.


 
Eu tive a minha 1ª menstruação em Maio 1992, na recta final dos meus 10 anos. Lembro-me que as minhas amigas já eram menstruadas (a maioria era + velha do que eu) e que as ouvia falar sobre o assunto e as opiniões sobre a menstruação eram bem variadas. Lembro-me da Patrícia, uma menina que era da minha turma e de quem eu gostava muito, para ela estar menstruada era ter dores horríveis e enxaqueca durante os primeiros dias de sangrado que era muito abundante enquanto para outras não havia nenhum tipo de mal-estar e o sangrado era escasso… lembro-me de estar curiosa e de me perguntar a qual dos grupos eu iria pertencer.

Apesar de todas já serem menstruadas nunca me senti ansiosa por menstruar, eu era pequena e magrizela por isso achava que faltava algum tempo para que a minha vez chegasse. Pensava que antes da primeira menstruação, as minhas mamitas tinham de crescer, tinha de me aparecer pelo púbico e axilar, ou seja, eu aguardava que essas transformações físicas chegassem, pensava que só depois é que chegaria a Menarca. Só depois destas alterações físicas é que o meu corpo estaria preparado para a sua ciclicidade.

Não estava totalmente errada mas naquela altura não sabia que as coisas não são assim tão lineares e que cada uma de nós tem o seu próprio caminho[1].

Como não tinha “sofrido” nenhuma dessas alterações físicas a 1ª menstruação apanhou-me de surpresa pois o meu corpo ainda não tinha mudado de formas, nem tinha dado os primeiros sinais de o fazer. Na verdade houve um sinal físico (que eu não soube reconhecer na altura) uns meses antes da minha 1ª menstruação, tinha tido um fluxo vaginal[2] transparente/branco. Lembro-me perfeitamente de falar com duas amigas sobre esse “estranho” fluxo no balneário da escola após uma aula de educação física no mesmo dia que tive a Menarca. Quando cheguei a casa lá estava a minha 1ª Mancha Vermelha nas minhas cuecas. Apesar da surpresa não fiquei triste mas não queria grandes celebrações nem mudanças na minha vida, estava confusa, pois para mim o meu corpo era de menina e não de uma pré-adolescente! Por isso precisei de tempo, do meu tempo, para ir percepcionando o meu corpo desde a sua recente ciclicidade e enquanto ia integrando a minha ciclicidade fui observando como ele foi mudando nos meses seguintes a Menarca de forma suave e tímida.

O meu corpo ainda tinha muito caminho pela frente para construi a sua ciclicidade e a menstruação era o princípio desse caminho.

Naquela altura não sabia que as mudanças na puberdade começam no cérebro. Durante uns oito anos, desde a primeira infância até ao período da puberdade, os níveis de hormonas chamadas gonadotropina, a luteinizante (LH) e a folículo estimulante (FSH), que estimula os ovários. Mas entre os 10 e os 11 anos os níveis destas hormonas aumentam aos níveis de uma mulher Menopáusica. A elevação dos níveis destas hormonas começa vários meses antes do início do desenvolvimento das mamas, quando o hipotálamo começa a segregar a hormona libertadora de gonadotropinas. Isto por sua vez dá ordem a glândula pituitária que liberte as hormonas luteinizante e folículo estimulante, as que ordenam aos folículos ováricos que começam a produzir e segregar estrógenos e testosterona. É o estrogénio que estimula o desenvolvimento das mamas, o crescimento ósseo e a distribuição da gordura, e a testosterona estimula o impulso sexual e a maior secreção das glândulas sebáceas, que podem causar acne. Contudo a ovulação regular demora algum tempo em estabelecer-se. É comum a menstruação das meninas ser anovulatória e pode ser “irregular”[3] ou muito abundante.

Há muitas formas diferentes de experimentar a puberdade e de receber a Menarca. Algumas meninas passam rapidamente o processo, enquanto outras parecem ficar ancoradas na infância por um maior tempo e de repente amadurecem aos 16 anos.
Assim, com todos as suas voltas e reviravoltas, a puberdade é um processo normal da vida que recordo com muito carinho. 

Queres compreender melhor o teu ciclo Menstrual? E saber potencializar as sua energias?
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[1]  Normalmente todo este processo leva uns 4 anos e meio, apesar de que em algumas meninas é mais rápido que em outras (o espaço de tempo de duração é de entre um ano e meio a seis anos).
[2]  Nos meses anteriores a 1ª menstruação, é comum as meninas terem um fluxo vaginal, que pode ser transparente, branco ou ligeiramente amarelado. Este fluxo deve-se a uma maior secreção vaginal estimulada pelo estrogénio.
[3] Nos primeiros ciclos é perfeitamente normal não termos a menstruação todos os meses. Coloquei a palavra “irregular”, entre aspas e em itálico porque apesar dessa irregularidade púbere não quer dizer que depois nos tornemos regulares, na verdade o conceito regular associado ao ciclo menstrual é uma associação errónea, uma vez que o nosso Ciclo é cíclico e não linear por isso não pode ser regular. Mas falamos disso num outro post, fica combinado. 

Mudanças na composição do corpo

Faz hoje uma semana, assisti a aula aberta de dança "Viagens do Corpo" orientada pela professora/bailarina Mafalda Cancela e acho que foi uma experiência muito interessante e que me deixou a pensar sobre o meu corpo (e principalmente a percepciona-lo de uma outra forma). 

Durante a sessão senti como o meu corpo voltava a sentir-se um corpo adolescente. Parece estranho, eu sei! Vou tentar explicar melhor esta sensação: 

As mudanças cerebrais/hormonais que o nosso corpo-mente experimenta na adolescência são o reflexo dos desafios que enfrentamos ao longo de toda a  vida: equilibrar a livre expressão criativa, a expansão, a fluidez e a liberdade de estrutura, as regras e os regulamentos. As dinâmicas propostas pela Mafalda Cancela durante a sessão tiveram no meu corpo-mente a mesma influência, no que a desafio se refere, que as mudanças cerebrais/hormonais durante a a puberdade, ou seja, cada dinâmica proposta desafiou-me a equilibrar e libertar a minha expressão criativa, a reposicionar a minha expansão, fluidez e liberdade de estrutura, a rever regras e regulamentos que orientam o meu corpo-mente... é curioso como o movimento, a dança pode provocar mudanças na composição do corpo como ocorre na adolescência, permitir-nos perceber como nos posicionamos na vida, em diferentes situações e como tomar consciência de como nos permitimos viver o nosso corpo-mente e esta tomada de consciência permite desconstruir o meu corpo-mente e (re)construí-lo desde onde eu desejar... compreendendo que ele é único e que tem a sua própria composição/história.

Um desafio em tanto!!! Não acham?!?

Se houver por ai alguma brava mulher que queira experimentar estas aulas aqui fica a informação.
NOTA: A primeira aula de Novembro será excepcionalmente segunda-feira dia 4 às 19h30.


Mãe e Filha (2)


Uma vida que se transforma em duas

A minha mãe e eu- Verão 1981


Nos últimos meses tenho investigado e pesquisado sobre a gravidez, trabalho de parto, parto e amamentação… não porque deseje ser mãe (neste momento não me questiono a maternidade e para ser sincera não sinto vontade de ser mãe, não sei se será sempre assim mas AGORA é!) mas sim porque todos estes processo, desde os distintos níveis (físico, mental, emocional), me permitem trabalhar a minha relação mãe-filha-mãe.

Nos últimos anos tenho recolhido informação sobre a minha história pessoal, e uma das coisas mais fascinantes e reveladora para mim foi saber como fui concebida e gestada… (já investigas-te essa parte da tua história pessoal?) apercebi-me que desde o princípio mãe e filha participam numa dinâmica dança de carinho e rejeição, dependência e independência, que continua o resto da nossa vida.

Normalmente quando pensamos nesta relação, pensamos sempre nos neurotransmissores que circulam no corpo da mãe e que criam uma distintivo física no corpo e no cérebro do bebé, imprimindo a sua sensação de bem-estar, segurança e confiança. A biologia da mãe faz com que o bebé “pense”: “Tudo esta bem. Vão cuidar de mim, Estou em paz” ou completamente o contrário. Somos conscientes da importância que a mãe tem para o futuro da sua própria filha durante a concepção e a gestação e esta ideia tão presente faz-nos esquecer, por vezes, que nos mesmas também somos (co)responsáveis do nosso destino e que influímos nele desde a concepção.

Quantas de nós, responsabilizamos a nossa mãe pelas nossas inseguranças, medos, vulnerabilidades… esquecendo-nos da nossa responsabilidade?

Tanto a mãe como a filha fazem aportações, sendo que o bebé é uma força muito dinâmica nesta equipa. Não tenho dúvidas desta força, nos últimos tempos observando amigas grávidas, apercebi-me como os seus desejos de comer são influídos directamente pelo bebé. Um bebé interage com a sua mãe desde o princípio, através de mudanças nas moléculas de comunicação: hormonas. Estas mudanças provocadas pelas hormonas afectam a saúde quer da mãe quer do bebé, por exemplo:

·         A placenta é fonte de hormonas esteróides que contribuem para o bem-estar da mãe.

·         O feto dá indicação ao corpo da mãe que esta grávida produzindo a hormona HCG (gonadotrofina coriónica humana), que dá a ordem ao corpo lúteo (órgão endócrino, de curta duração produtor de progesterona, que se forma no ovário depois de cada ovulação) que continue a produzir progesterona, com a finalidade de manter a gravidez.

·         As glândulas supra-renais do bebé são as responsáveis de prover de DHEA (dehidroepiandrosterona), percursora do estrogénio, a parte materna da placenta. O estrogénio produzido pela DHEA é necessário para desenvolver o tecido placentário e a capa muscular do útero. Se o corpo do bebé não pode produzir a quantidade suficiente de DHEA, a sua mãe não pode produzir estrogénio suficiente para suster a gravidez.

·         O bebé é também o responsável do início do trabalho de parto, provavelmente através de uma combinação de factores nos quais intervém as glândulas supra-renais e a pituitária. É satisfatório pensar que um sinal do cérebro e das glândulas supra-renais do bebé o colocam no comando do seu destino orquestrando o momento do seu nascimento.

Podíamos continuar a enumerar outros processos onde o comando é do bebé mas acho que estes são suficientes para ter uma coisa clara: uma filha esta unida com a sua mãe no seu próprio bem-estar desde a concepção e ambas contribuem para esse bem-estar. Esta união continua durante toda a vida.

As mães e as filhas “falam” sobre os seus respectivos sentimentos desde o início, apesar de não ser necessariamente através das palavras. Comunicam através de uma complexa serie de hormonas e neurotransmissores. Apesar de mãe e filha terem diferentes sistemas circulatórios, estão tão conectadas que praticamente todos os neurotransmissores e hormonas que produz o corpo da mãe afectam o bebé e vice-versa. Isso significa que todas as emoções e consequentes mudanças bioquímicas provocadas por essas emoções afectam o bebé e vice-versa.

Cada relação é única. Por isso não existe aquilo de: princípio perfeito, mãe perfeita, filha perfeita nem vida perfeita. A vida tem a sua própria maneira de acontecer. Tendo presente isto e que a relação mãe e filha é reciproca, podemos concluir algo fundamental: nem as circunstâncias do nosso nascimento nem os actos ou comportamento da nossa mãe têm o poder (total) para escrever o guião da nossa vida nem para nos impedir de tomar o caminho único e pessoal que fomos destinadas a tomar na vida.
Isso fazemo-lo sozinhas, compreendendo que à margem de como seja a nossa relação com a nossa mãe podemos assumir valentemente a responsabilidade de transformar o nosso legado materno de forma construtiva para a nossa vida sem responsabilizar a nossa mãe e compreendendo o poder e o mistério que a nossa conexão com ela tem ao longo da nossa vida.


Espero por ti (e as outras leitoras também) aqui nos comentários.