O Bosque Pré-Menstrual

   

Todos os meses visito o bosque[i] pré-menstrual e convivo com as Capuchinhas que o habitam

Cada uma das 4 Capuchinhas (a C. Vermelha, a C. Indomável, a C. Sedutora e a C. Feiticeira[ii]) que habita em mim (em cada uma de nós) se desdobra em diferentes formas de expressão que expressam as possíveis combinações entre o meu mundo cíclico que fervilha criatividade e os diversos dons intuitivos e desafios que me habitam a cada fase.

A passagem de uma Capuchinha para outra é progressiva, feita dia a dia, dando espaço a que outras capuchinhas se expressem também. Hoje convido-vos a passearem comigo pelo meu bosque pré-menstrual na companhia da Capuchinha Feiticeira e conhecer as 9 Capuchinhas em que ela se (pode) desdobra(r).

Bosque pré-menstrual 
Ilustração do conto kamishibai "Por Trás da Capa Vermelha", texto Aida Suárez e Ilustração Cândida Campos
Nos primeiros dias da fase pré-menstrual a Capuchinha Feiticeira que sou, é acolhida pela Capuchinha Visionária. A Visionária ensina-me a manifestar toda a minha energia para reencontrar a minha liberdade. Enquanto habito a casa da Capuchinha Visionária a minha visão permite-me descobrir a verdadeira verdade (perdoem-me a redundância) do meu desejo, ajuda-me a discriminar as sombras, compreende-las, transforma-las e finalmente vence-las.

Abandono a casa da Capuchinha Visionária… a Capuchinha Feiticeira que sou continua o seu caminho pelo bosque pré-menstrual e chega até a casa da….

… da Capuchinha Exilada. Visito a sua casa nos ciclos mais densos e emocionalmente desafiantes. Recolho-me na sua casa quando a minha pré-menstrualidade se manifesta ‘premonstrualmente’, ou seja, sou habitada por energias/emoções depressivas que se colam na minha pele e sinto que o meu corpomente descende para o submundo na procura da minha essência. Visito a sua casa para descobrir o que precisa ser limpo, purificado, barrido e depois transformado.

A Capuchinha Feiticeira que sou regressa ao trilho do bosque e continua o seu caminho pelo bosque pré-menstrual até chegar a casa da Capuchinha Criativa. Visito a casa da Criativa nos ciclos em que a minha “alma tem fome”, quando estou cansada de ser uma mulher sensata que se esforça para encaixar nas normas sociais esperadas. Visito a sua casa quando preciso reencontrar-me e/ou nutrir a minha mulher selvagem.

"Somos o fruto da cultura que nos tolhe
Que nos escraviza pela expectativa que escolhe
Impor em nossos corpos, tortos pra caber no molde
Impor em nossos sonhos, mortos pra servir a prole
Comportamentos amenos, a menos que sejas louca
Com recato e em privado, não te exponhas como a outra
Abre menos essa boca, poupa o teu questionamento
Rosto e corpo no ponto, mas com pouco pensamento, tento
Fazer diferente, ser diferente dessa norma militantemente
Ser exemplo, contradizendo-o sempre
Com tradições nascem contradições opressivas
Como lições pra sermos fracas e reprimidas
Sem autoestima, postas de lado como um talher
Não foi pra isso que nasci uma mulher!
Não vou cumprir com a puta da expectativa
Não é para ela que oriento a minha vida..."

Regresso para a trilha e continuo o caminho junto com a minha Feiticeira até encontrar a casa da Capuchinha da Heroína. Visito-a sempre que preciso dissipar o nevoeiro que não me deixa ver o meu poder cíclico, mamífero e humano.

O bosque espera por mim e pela Capuchinha Feiticeira que sou, continuamos o nosso caminho e encontro a casa da Capuchinha Xamã. Visito a sua casa nos ciclos em que preciso transformar-me em maga da minha vida e assumir o meu poder pessoal não com truques de ilusionismo mas com o meu registo cíclico intuitivo e com autocuidado e autoconhecimento do meu corpomente.

Eu e a minha Feiticeira regressamos ao caminho do bosque para seguir a nossa viagem e chegar a próxima casa. A casa da Capuchinha Afrodite. Visito a sua casa quando preciso recuperar ou equilibrar a meu magnetismo e reencontrar os caminhos da liberdade do amor, primeiro do amor-próprio e depois do amor pelos outr@s.

Regresso novamente ao bosque para seguir o trilho pré-menstrual e chegar agora a casa da Capuchinha Amazona, essa mulher guerreira que todas somos. Normalmente, visito a sua casa nos ciclos em que preciso despertar as minhas qualidades solares adormecidas para equilibrar as minhas forças receptivas e activas. Ela ajuda-me a dançar com todas as minhas qualidades (dons) e complementar a suavidade com a determinação dos meus impulsos criativos (criar-vida).

Regresso ao caminho na companhia da Feiticeira, para me dirigir até a casa da Capuchinha Negra, normalmente visito a sua casa nos últimos 2/3 dias da fase pré-menstrual, preciso dela para reequilibrar as minhas forças.

O meu poder criativo, neste momento da fase pré-menstrual, anda de mãos dadas com a minha capacidade de destruir. Há ciclos, em que os dias que passo na sua casa me parecem um verdadeiro inferno mas é na escuridão da Capuchinha Negra que posso fazer a limpeza necessária na minha vida: seleccionar, ordenar, queimar as coisas velhas que no presente se tornaram inúteis.

Quando o trabalho de apreender a equilibrar as minhas energias contraditórias e usa-las a meu favor esta concluída a minha passagem pela casa da Capuchinha Negra e é o memento de continuar o caminho até a última casa, a casa da Capuchinha Sacerdotisa.

Visito a sua casa quando me sei em harmonia. Habito a sua casa quando me sinto mulher consciente e conectada com o meu corpomente de forma plena. Quando me sinto poderosamente inspirada e utilizo sem medo a minha criatividade[iii].

E estas são mais 9 capuchinhas que habitam em mim durante a fase pré-menstrual. Querem conhece-las mais intimamente? Querem conhecer como habitam o bosque (corpo) pré-menstrual?

Então, fiquem atentas ao blog e a página do facebook continuarei a contar-vos sobre a minha viagem pelo ciclo menstrual e as capuchinhas que o habitam. 



[i] Gosto de imaginar que o o meu corpomente é um bosque onde habitam mulheres mágicas.
[ii] Podes conhecer melhor estas 4 Capuchinhas no livro “Por Trás da Capa Vermelha”
[iii] A fase pré-menstrual é potencialmente criativa. 

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Queres mergulhar no mundo Alquímico do Ciclo Menstrual para extrair as chaves da transformação cíclica? Junta-te a tribo da capuchinhas.

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