Respondendo as questões das Confreiras…
«No blog falas muito de ciclicidade e de que sermos conscientes desta nossa característica pode trazer-nos muitos benefícios físicos, mentais e emocionais mas mais concretamente o que é isso da Ciclicidade Consciente?» Cátia Vaz
«No blog falas muito de ciclicidade e de que sermos conscientes desta nossa característica pode trazer-nos muitos benefícios físicos, mentais e emocionais mas mais concretamente o que é isso da Ciclicidade Consciente?» Cátia Vaz
Inerente a prática de uma Ciclicidad Consciente, e ao mais amplo
conceito de Mindfulness (ou atenção
plena) aplicada a vida diária, é a visão de mudança. A atenção plena lembra-nos
que a mudança é possível, sem importar quem somos, qual seja o nosso aspecto ou
a nossa situação actual. Lembra-nos que se somos capazes de apreender a “estar
atentas”, a ser conscientes de esta possibilidade em todo momento então temos a
oportunidade de orientar essa mudança para um estilo de vida mais saudável e
feliz. Partindo deste princípio, criei o conceito de Ciclicidade Consciente para promover uma mudança, nas nossas vidas,
em nós, baseada na nossa ciclicidade e nos nossos desejos mais autênticos, e
não numa falsa linearidade ou num pensamento de hábito/costume.
Será uma mudança que favorece a
saúde física, mental e emocional e uma profunda sensação de aceitação de nós
mesmas, ou seja, das 4 Capuchinhas que somos. É nisto que consiste viver
ciclicamente conscientes e isto significa Autoconhecimento
e Autocuidado Extremo para sempre.
Viver ciclicamente conscientes pressupõe
sem dúvida uma nova maneira de vivermos, de conhecermos e cuidarmos do nosso
corpomente e por outro lado é também, uma nova maneira de viver, de sentir, de ser.
Não é algo passageiro que adaptas
para poder deixar dinamitar crenças que te magoam e limitam é mais uma maneira
constante, prática e factível de nos amarmos e desfrutarmos de nós mesmas todos
os dias. Aceitarmo-nos luminosas e escuras.
Em última estância é dizer adeus a
viver uma falsa linearidade, predefinidas a uma irreal feminidade… dizer adeus
a tabus e limites impostos e a pensar todo o tempo, sem parar, que não somos
normais, que se passa algo connosco.
Contudo destacar, que na minha
opinião, não há nada que nos salve de nós mesma e de tudo o que foi apreendido
mas sem dúvida nenhuma conhecer o nosso corpo é uma porta, para mim valiosíssima,
uma porta pela qual devemos passar. Não há salvação porque não há pecado.
Digo isto, porque não quero passar a
ideia de que a Ciclicidade Consciente é
o remédio para todos os males. Ou seja, conhecer como funcionamos cada uma de
nós é uma ferramenta que depende do uso que lhe dermos e depende também de
outras bagagens. Não é algo simples nem simplório. E não podemos esquecer que somos
mulheres humanas e como mulheres humanas temos de (re)conhecer como pulsam as
nossas ideias, como é a química que nos move e nos torna cíclicas. Contudo
(re)conhecer a nossa natureza não nos torna invencíveis nem as melhores
mulheres do mundo. Conhecer o nosso mecanismo de mulheres mesntruantes (cíclicas)
é algo fundamental, necessário e não um caminho de auto-ajuda.
Eu sei, eu sei que conhecer o nosso
corpomente, o seu mecanismo dá um
pico de entusiasmo brutal e que este conhecimento a algumas de nós nos mudou a
vida e a outras não, e não há problema nenhum que assim seja. O importante é
que cada uma de nós seja lucidamente critica e faça uma revisão constante de
tudo o que lhe chega.
É importante percebermos que o
corpo feminino tem sido e continua a ser invadido pelo sistema e cultura
patriarcal. Por isso é importante e poderoso conhecermos as implicações fisiológicas,
mentais, anímicas e culturais de algo comum e próprio como é o fluxo hormonal
do ciclo menstrual. Ser Ciclicamente
Consciente é simplesmente isto, nem mais nem menos.
Tornar-nos conscientes da nossa
ciclicidade e das suas implicações não implica que o dia-a-dia, com as suas
dores, receios, medos, alegrias, prazeres desapareça. A nossa quotidianidade
com tudo o que ela implica vai continuar a preencher-nos quer menstruemos ou
não menstruemos. Vamos ter mais controlo
(as vezes), mais margem de acção (também as vezes), menos culpa, mais
atrevimento, menos vergonha mas não vamos ser supermulheres vamos sim, continuar
a ser humanas. E eu acho isso de ser mulher humana/mamífera delicioso, vocês
não?
Não, não somos deusas, somos humanas
e ainda bem!
Se tens questões e gostavas de as
ver desenvolvidas num artigo da Confraria Vermelha podes envia-las para jardineriahumana@gmail.com
E tu esta disposta a viver
ciclicamente?
PIC| French toastGirl
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