Ainda estou aqui as voltas… e a
tentar compreender que merda é esta… não
sei se conhecem a história da Tina Turner e o Ike Turner? Uma típica história (infelizmente)
de Violência Machista no seio de um relacionamento amoroso, de certeza de que
muitas de vocês viram o filme “What’s Love Got Do To With It?”, pois bem, o
filme fala sobre a vida de Tina. Há uma cena na qual o marido
a obriga a comer, dizendo algo como “Now eat the cake, Anne Mae”. Quando
ela se recusa a comer o bolo, ele a ataca violentamente…. É uma cena revoltante
(junto com muitas outras) e que sabemos que é o quotidiano da vida de muitas
mulheres infelizmente.
Acabo de descobrir que em Dezembro
passado, Beyoncé lanço um novo álbum com 14 novas músicas e 17 novos vídeos
(não sou fã da Beyoncé e por isso este acontecimento passou-me ao lado). Na
verdade é que foi tudo lançado numa paulada só e o álbum rapidamente foi o
número 1 em vários países. Partilho estes dados todos para vos falar do single
“Drunk in Love”:
1º A música conta com a presença
de seu marido, o rapper Jay Z.
2º O vídeo mostra os dois
sensualizando na praia.
3º Os dois fizeram a abertura dos
56th Grammy Awards que foi aplaudida com entusiasmo pela plateia.
Até aqui nada de novo…
O 4º ponto é aquilo que ninguém
comenta: Que raio da letra é esta? Ninguém prestou atenção na letra da música e
o seu significado?
A letra tem um verso, cantado por Jay Z, “I’m Ike Turner, turn up/Baby know I don’t
play, now eat the cake, Anna Mae/Said eat the cake, Anna Mae!” refere-se a
cena da Tina Turner (Anna Mae Bullock) que referi nas primeiras linhas deste
post… Tina sofreu anos de violência nas mãos do marido, Ike Turner, também
citado na letra.
Andam os dois (‘Beyon’ e o Jay) todos
catitos a cantar este tema em Grammys
Awards, a ser número das listas e aplaudidos por ter feito uma música que
fala de sexo selvagem e de como se sentem embriagados de amor e tal e coisa mas
a verdade é que este tema é ofensivo, eu como mulher sinto-me ofendida,
inclusive a rádio britânica Bang editou a música (removendo o verso ofensivo) e
publicou uma nota, dizendo que não apoia a letra e respeita sua audiência.
Fiquei desapontada com a Beyoncé
pensei que estava a seguir o caminho da girl power engajada na causa feminista.
Além de cantar músicas como “Run The
World (Girls)” e inserir o discurso feminista de
Chimamanda Ngozi Adichie, uma escritora nigeriana, em “***Flawless“,
a cantora publicou uma carta
aberta na qual defende a igualdade entre os sexos.
Beyoncé se ninguém te disse isto é no mínimo contraditório
defender a igualdade das mulheres e fazer uma música que parece zombar da
violência doméstica, para além do desrespeito mostrado para com a Tina Turner
(que Beyoncé diz admirar muito) e para com todas as mulheres que sofrem ou já
sofreram com essa realidade.
É ou não é difícil aceitar estas contradições?
É ou não é difícil aceitar estas contradições?
Parece-me que a nossa Beyoncé ainda não se libertou do machismo!! Ela tenta, mas...
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