25 de.... Janeiro

Tenho um problema grave com as datas…. esqueço-me delas…  e algumas parecem-me cínicas... sim, disse cínicas!!! Deixem-me explicar isto melhor, para não ser mal-interpretada:

-Eu acho que datas como o 8 de Março, 25 de Novembro são datas “cínicas” que pretendem enganar-nos fazendo-nos acreditar que a sociedade/estado se preocupada connosco, balelas é o que são.
Se o estado estivesse realmente preocupado demonstrava-o, não criando efemérides no calendário mas com actos concretos, ou seja, com leis de protecção real, com julgamentos justos e rápidos, com campanhas efectivas, com igualdade laboral etc, etc, etc.

Aliás outra coisa que me leva acreditar que não estão preocupados connosco é que nestas datas muitos colectivos de mulheres (estes sim verdadeiramente preocupados e implicados com as problemáticas que estes dias reivindicam) organizam iniciativas, iniciativas estas que são praticamente ignoradas, quase sempre tidas como actos simbólicos. Não digo que os colectivos não deveriam fazer estas iniciativas pelo contrário, devem faze-lo nesses dias e ao logo dos outros 364 o que digo é que o senhor estado nos tente enganar “oferecendo-nos” dois dias no calendário e que acham que com isso estão a lutar pelos direitos da mulher…  O que Não é verdade! 

Por isso nasce hoje 25 de Janeiros a rubrica “ 25 de…” vou dedicar tos os dias 25 de cada mês, e outros sempre que os meus ovários gritarem para o fazer, para escrever um post sobre violência machista, violência contra as mulheres e faço-o simplesmente porque aquilo que não é nomeado não existe e eu não gosto de brincar ao faz de conta com estas coisas, e tu?
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Tolerância Zero 
à Mutilação Genital Feminina 



“Aqui no meu corpo, estão os rios sagrados: aqui estão o sol e a lua, assim como todos os lugares de peregrinação… Não encontrei outro templo mais prazeroso que o meu próprio corpo* 

lembrei-me desta frase e a minha mente vieram todas as meninas e mulheres submetidas em várias partes do mundo a mutilação genital que consiste na amputação do clitóris de modo a que a mulher não possa sentir prazer durante o acto sexual… as razões para cometer esta atrocidade pouco importam pois nenhuma delas justifica esta barbárie.


Existe no calendário um dia  Internacional  da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, na verdade teríamos que criar muitos dias de Tolerância Zero contra todas as atrocidades cometidas contra meninas e mulheres por todo mundo. São demasiadas!!!

Pensamos que a mutilação genital feminina acontece em lugares distante de nós como África e Ásia e como é uma realidade que os nossos olhos não assistem no seu quotidiano simplesmente “ ignoramo-la” mas a verdade é que numa aldeia global como o mundo de hoje as distâncias são relativas… por que há pedacinhos de África e Ásia no coração da Europa ou da América.
Sim! A mutilação genital feminina também ocorre no mundo ocidental!
As desculpas para continuares a olhar para outro lado começam a desaparecer, será que queres continuar a fazer de conta ou queres actuar e fazer algo?  Se preferes a segunda opção parabéns, podes clicar em http://www.endfgm.eu para conhecer uma campanha europeia para terminar com esta atrocidade.
A mutilação ocorre em várias partes do mundo, mas tem registo mais frequente no leste, no oeste e no nordeste da África e em comunidades de imigrantes nos EUA e Europa. Em sete países africanos - entre eles Somália, Etiópia e Mali - a prevalência da mutilação é em 85% das mulheres.
Um estudo da ONG Humans Rights Watch de Junho do passado ano (clique para ler a pesquisa, em inglês) mostra que, no Curdistão iraquiano, 40,7% das meninas e mulheres de 11 a 24 anos passaram por mutilação.


mutilação
 Menina de quatro anos é circuncidada em Sulaimaniyah, no Curdistão iraquiano, em Abril de 2009 (Foto: AFP)

Waris Darie
Se esta realidade é ainda desconhecida para ti (ou se gostas de estar próxim@ de todas as mulheres do mundo e de todas as realidades e és d@s que não desvia o olhar) deixo a sugestão de um filme que fala de uma historia real contada na primeira pessoa pela sua verdadeira protagonista, A Flor do deserto.


O livro que deu um filme

É um filme autobiográfico da modelo somali Waris Dirie, hoje a modelo  é uma activista da ONU contra a circuncisão feminina.

No filme ela conta como foi o procedimento para a retirada do clitóris, pequenos lábios e lábios externos da vagina e o fechamento da mesma, deixando apenas um orifício do tamanho de uma cabeça de palito. Todo o procedimento é sem anestesia, sem higienização e muitas mulheres morrem. Em fim um ato de crueldade e de desinformação. Uma crença sem fundamentos, onde mutilam as mulheres e as deixam psicologicamente doentes.

Deixo aqui um excerto do filme um dos mais estremecedores.. mas podem ver o filme completo em http://www.youtube.com/watch?v=BrZEvSrGUpQ&feature=player_embedded


Momento do filme em Waris Dirie faz um depoimento publico contando a sua experiência. Um testemunho importante para a luta contra esta prática que continua a ser praticada.  


Waris Dirie não é a única mulher a falar abertamente sobre a sua experiência Nawal El Saadawi  médica EGÍPCIA também fala da sua experiência chegou a ser presa em seu Egipto natal após falar do tema e fazer campanha contra a prática.A sua história foi contada no livro "A daughter of Isis" ('Filha de Isis'), e em outros em que aborda a questão feminina nos países do Oriente Médio. Confesso que sou fascinada por esta mulher e que ela merece um post dedicado só a ela (vou começar a pensar!) parem um pouco e vejam os vídeos... bebam da sua lucidez.





Deixo-vos aqui a ligação para uma conferencia de Nawal que vale a pena ver.
Parte 1
Parte 2
Parte 3

*Saraha


ATENÇÃO
Gostou das expressões e frases contidas nesta publicação, se for usar, cite a fonte, Obrigada

4 comentários:

  1. Como já é habitual, excelente texto, assunto muito importante! É urgente falar sobre

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  2. Respostas
    1. ( continuando)
      Gostaria apenas de salientar que a episiotomia ( corte na vulva e vagina para o bebé nascer mais rapidamente ) também é uma mutilação genital, aceite na nossa sociedade como intervenção útil e necessária (!)

      Grata pelo teu excelente trabalho, empenho e dedicação!

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    2. Sem dúvida, escrevi sobre esse tipo de mutilação aqui: http://confrariavermelha.blogspot.pt/2014/02/25-de.html
      abraçO e grata pela tua partilha
      Confraria Vermelha

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